A TEOLOGIA DA CRUZ
Jo. 19.14-22 (Pt I)
Vs.22
Respondeu Pilatos: O que escrevi escrevi.
Era o dia da preparação, dia de preparar os cordeiros antes de se celebrar a Páscoa após o por do sol; era um período de tempo entre as nove e dez horas mais trinta minutos da manha de sexta-feira.
Jesus já devidamente açoitado foi coroado; com a sua tosca coroa de espinhos e já vestido de púrpura é apresentado aos judeus por Pilatos: eis aqui o homem! (5)
Pilatos pensava que tinha poder (9,10) para soltar Jesus se ele confessasse dizer de onde era.
As autoridades judaicas não alimentavam nenhuma simpatia ou tinham amizade com César, porém estava exigindo de Pilatos a lealdade que eles mesmos não possuíam para com o imperador.
Como os judeus sabia que Pilatos se preocupava muito com a maneira com que César o considerava, as declarações judias foram manobras políticas para fazer Pilatos considerar favorável o pedido deles de: crucifica-o! Crucifica-o!
Para conseguir o macabro intento de crucificar o Senhor Jesus, depois de indagados por Pilatos a respeito: “Hei de crucificar o vosso o rei?” os judeus responderam: Não temos rei, senão o César. (15)
Para ver o Filho de Deus crucificado eles eram capazes de dizer qualquer coisa que os meios justificassem o fim da vida daquele que veio para eles e eles não o receberam.
A “lealdade de conveniência” dos interesses espúrios falou mais alto e Pilatos entregou o Filho de Deus para ser crucificado.
Está escrito: e levando ele às costas a sua cruz, saiu para o lugar chamado Calvário que em hebraico se chama Gólgota (17,18) onde o crucificaram.
Jesus foi morto numa cruz ou num madeiro? Ou numa estaca?
Segundo alguns historiadores renomados, a crucificação foi uma invenção persa há mais de 500 anos antes de Cristo.
Este tipo de execução (a crucificação) foi trazida para o ocidente no tempo de Alexandre Magno no século IV antes de Cristo.
A prática da crucificação foi adotada no Egito e em Catargo; por sua vez os romanos aprenderam usar a cruz com os cartagineses e usaram-na em grande escala.
Quanto à diversificação de modelos havia: o poste, a estaca, e o polo, onde numa única barra vertical (stipes ou palum/crux simplex) se pendurava o condenado.
O modelo latino: uma barra horizontal (patibulum/or furca) fixada à cerca de um (1m) metro abaixo do topo da barra vertical (stipes ou palum) da cruz; modelo usado na crucificação de Cristo.
O modelo Santo Antonio ou Tau: letra grega que tem o formato de “T”, com o patibulum ou barra transversal fixada no topo da barra vertical ou stipes (palum) era um modelo bastante comum nos dias de Cristo.
O modelo Santo André que era uma cruz em forma de “X”
No mundo judaico e segundo a lei mosaica a pena de morte era executada de quatro maneiras diferentes, a saber:
Morto pelo golpe da espada; morto por estrangulamento, por apedrejamento e queimado pelo fogo.
A morte no madeiro (como foi o caso do rei da cidade de Ai) era uma morte terrível e o cadáver (Js.8.29) tinha que ser retirado do madeiro antes de o por do sol, antes da chegada da noite, sepultado.
Quem fosse pendurado numa árvore (geralmente depois de apedrejado) e morto, também deveria ser retirado da mesma antes do inicio da noite.
Dt. 21.22
Quando também em alguém houver pecado, digno de juízo de morte, e haja de morrer, e o pendurares num madeiro,
Vs.23
O seu cadáver não permanecerá no madeiro, mas certamente o enterrarás no mesmo dia, porquanto o pendurado é maldito de Deus; assim não contaminarás a tua terra, que o Senhor teu Deus, te dá em herança.
O pendurar no madeiro ou numa árvore não era crucificação nem mesmo a causa da morte.
O propósito de pendurar no madeiro era envergonhar uma pessoa que tivesse cometido um crime grave, punível com a pena de morte.
Isto não quer dizer que nunca ninguém era pendurado vivo no madeiro ou numa árvore e neste caso era enforcado ou estrangulado; mais não era uma crucificação, por ser pendurado numa corda presa ao madeiro.
Ser pendurado no madeiro era uma pena terrível aplicada aos criminosos depois da morte por apedrejamento; Jesus não morreu apedrejado e nem foi pendurado no madeiro por uma corda.
O criminoso por causa da atrocidade do seu crime era o abjeto especial da maldição de Deus; o foco da ira divina ficava centrado nele, do contrário, a comunidade inteira seria vitimada pela ira de Deus.
Os judeus não conhecia cruz, daí eles faziam distinção entre “madeiro” e “cruz”, ou seja: entre enforcamento e crucificação.
É provável que a ideia de crucificar alguém, tenha surgido do hábito de se pendurar vítimas já mortas em árvores ou madeiro.
Os judeus esperavam que o Messias visse como um poderoso conquistador, e, quando o Messias veio foi para ser crucificado.
Escandalizaram-se com ele, pois tal morte era aplicável aos maiores criminosos.
Os gentios também não puderam ver nenhuma razão para a salvação por meio de um malfeitor crucificado da Judeia.
Para as pessoas de ambas as classes: judeus e gentios que acreditavam em Cristo, (I Co.1.18) ele era (ele é) o poder e a sabedoria de Deus e não um malfeitor.
E neste caso não há diferença (Rm.10.12) entre judeus e gregos (gentios).
Para os primeiros cristãos não terem vergonha do evangelho de Cristo era um exercício de profunda conversão e conhecimento da causa.
Como explicar para alguém a adoração e o respeito prestado a um homem que condenado como criminoso foi submetido à forma mais humilhante e cruenta de execução penal tão excruciante quanto possível foi?
A mensagem da cruz era motivo de zombaria para judeus e gentios e para alguns ainda hoje.
A Ideia de adorar alguém que fora condenado à morte de cruz era ofensiva e repugnante, pura loucura.
A Igreja primitiva não abriu mãos de pregar o evangelho da cruz de Cristo por uma questão de lealdade a ele e convicção sobre quem realmente era Ele: O Único Salvador e Senhor e Mestre.
Os cristãos da Igreja Primitiva adotaram a cruz porque ela era central na vida, no pensamento e obra do próprio Jesus.
Adotar a cruz não é adotar literalmente o instrumento no qual Jesus foi crucificado.
Adotar a cruz neste caso tem o sentido de aceitar e sem ressalvas o seu sacrifício executado na cruz, a obra realizada nela.
Adotar a cruz não é ter uma cruz pintada desenhada ou confeccionada e posicionada no pináculo de uma igreja ou em algum lugar qualquer de reuniões ou em púlpitos como representativa da confissão cristã de um grupo de pessoas.
- Em breve postarei a segunda parte deste estudo se assim o Senhor Deus permitir.
Um bom final de semana a todos.
Guganic