UMA TEOLOGIA DE DESEJOS (Parte I) Mt. 5.21-26
Vs21.
Ouviste o que foi dito aos antigos: não matarás; mas quem assassinar estará sujeito a juízo. (Julgamento)
Vs.22
Eu, porém, vos digo que qualquer que se irar contra seu irmão estará sujeito a juízo. Também qualquer que disser a seu irmão: Racá (tolo) será levado ao tribunal. E qualquer que o chamar de idiota estará sujeito ao fogo do inferno.
Ao relacionar o sexto mandamento que trata do pecado de tirar a vida de alguém com erros aparentemente menos grave, Jesus revela que a ofensa verbal está no mesmo nível de um assassinato.
A pessoa que verbalmente ofendesse alguém, na concepção de Jesus era réu do sinédrio ou Sanhedrin nome hebraico dado à corte judaica, o mais alto tribunal dos judeus, ainda que synedrio, sua origem é grega.
As cortes locais tinham de três a vinte e três juízes; já o sinédrio a corte de Jerusalém tinha 70 juízes ou sábios que julgavam a causa do povo.
Porque alguém deveria ser julgado por proferir um insulto, na mesma proporção de alguém que praticou um assassinato?
Porque na visão de nosso Senhor, o pecado que leva alguém a ofender outra pessoa, é o mesmo que motiva o assassinato; a ira descontrolada é um passo em direção ao pecado da ofensa.
A ira descontrolada pode levar ao assassinato de alguém. Nestes termos tanto a ofensa gratuita ou o assassinato levavam o ofensor a julgamento perante o sinédrio com uma enorme probabilidade de condenação.
A saída para quem ofendeu era procurar o ofendido ou o seu adversário e propor a reconciliação antes que o mesmo procurasse o tribunal evitando assim ter que pagar pela ofensa (25) na cadeia.
Quem era julgado pelo sinédrio e achado culpado sofreria a pena imposta sem pena e sem dó (e não como é no Brasil); neste sentido Jesus usou a figura do “fogo do inferno”.
Isto não quer dizer que o sinédrio condenava o culpado e literalmente o colocava no inferno, mas refere-se à execução do castigo imposto.
Depois de condenado o culpado só saia da cadeia (26) depois de pagar a sentença sua dívida perante a sociedade ou seu ofensor na totalidade.
O “fogo do inferno” referia-se aos dias intermináveis do sofrimento físico e do sofrimento emocional que o indivíduo passava na cadeia.
O vocábulo e também a expressão “fogo do inferno” levou os ouvintes de Jesus a entender perfeitamente o cerne da questão do pecar e sendo levado ao tribunal e condenado estar irremediavelmente perdido.
Gei-Hinnom traduzido para o grego e também para o português como “Gehenna”, e geralmente traduzido como “inferno” literalmente refere-se ao Vale de Hinnom (Gei-Hinnom) um nome próprio.
Localizado ao sul, da antiga cidade de Jerusalém este referido vale era o lugar onde o lixo da cidade com o passar do tempo era incinerado.
Durante o reinado do rei Acaz e também Manassés, sacrifícios humanos ao deus amonita (Moloque) foram realizados neste mesmo local.
O rei Josias, portanto profanou o referido lugar por causa das oferendas pagãs realizadas no citado local ao deus Moloque. (II Rs. 23.10)
Assim, com o tempo, o Vale de Hinnom foi transformado num grande depósito de lixo constantemente em chamas.
Até hoje o lugar é utilizado como uma metáfora do “inferno” com seu fogo ardente de punição para os ímpios, como ensinado na Bíblia hebraica em Isaías 66.24.
O que é a “Teologia dos desejos?” é a ideia de rejeitar ou não aceitar ou não concordar ou contornar uma situação, buscar uma saída para atender aos anseios próprios de poder fazer o que quer.
E assim ferir a ordem estabelecida sem ter que pagar por isto ou ter que sofrer as conseqüências pelo feito ou discordância ou rejeição empregada.
Qual é a saída engendrada pelas denominações e seus seguidores que não aceitam ou concorda com a existência de um lugar de punição eterna?
Descaracterizar as verdades bíblicas inclusive apelidando de “Heresias” o que a Bíblia trata e nos apresenta como uma realidade bíblica ainda que ás vezes fora do seu devido lugar.
“Fora do seu lugar” é tudo aquilo que está escrito e em parte ou na sua totalidade ainda não se cumpriu por não ter chegado o devido tempo.
Para mim é mais fácil e recomendável que se acredite mais em Deus e na Sua palavra do que argumentar idéias de “verdades de conveniência” com base em ideias puramente humanas.
Muitos lugares no Velho Testamento fala sobre um inferno ardente. E mostram (Dt.32.22. II Sm 22.6. Sl.18.5. Sl.116.3) que o inferno é um lugar de tristeza.
Está escrito que os ímpios (Sl.9.17) e as nações que se esquecem de Deus serão lançados, eles vão para o inferno.
A Bíblia no Velho Testamento (Tanakh) mostra que o inferno é um lugar de destruição: O Sheol (Sh’ol) normalmente corresponde ao grego “adês”.
O Sheol (o além) está desnudo diante de Deus (Jó.26.6) e o Abadom o abismo da destruição, não está oculto aos seus olhos.
Porquanto um grande fogo foi aceso pela minha ira (Dt.32.22) labaredas que queimarão até as profundezas do Sheol, Abismo dos mortos.
Quando Jesus falou de alguém que chamar alguém de idiota estará sujeito ao “fogo do inferno” o “fogo do inferno” não era nenhuma novidade para eles.
Assim como “o inferno” também não é nenhuma novidade (chiddush) do Novo Testamento.
Quando alguém declara que o judaísmo ensina que não existe inferno este alguém só está introduzindo uma doutrina posterior a sua própria doutrina com base na “teologia dos desejos” sem base na Palavra de Deus.
Como a ideia de punição eterna é bastante assustadora, tais pessoas buscam amenizá-la propondo que o julgamento final é uma aniquilação total, na qual aniquilação nada é experimentada, seja isto bom ou mau.
A Bíblia ensina tanto sobre o sheol (hades) tanto quanto sobre Gey-Hinnom, é que existe um estado de sofrimento eterno.
E este sofrimento a ser experimentado o será conscientemente por aqueles que estiverem sob a condenação eterna, definitiva de Deus
Mudar o conceito bíblico da existência de inferno para o conceito pessoal da não existência do mesmo é uma teologia de desejos.
Quando a Bíblia fala em fogo do inferno os defensores desta teologia de desejos interpreta literalmente que “fogo” o fenômeno que todos nós conhecemos quando algo entra em combustão, é real.
O “fogo ardente” refere-se ao intenso e continuo sofrimento.
Trataremos disto no próximo capitulo do tema iniciado nesta primeira parte. Falaremos sobre o que é real e o que é simbólico.
Aguardem.
Guganic