A IGREJA BATISTA, A LEI E O SÁBADOPor Marllington Klabin Will
A Igreja Batista tem sua origem num grupo
de dissidentes ingleses no século XVII que foram para a Holanda em 1608 liderados por John Smyth, um clérigo anglicano, e Thomas Helwys, um advogado. John Smyth discordava da política e
de alguns pontos da doutrina da Igreja Anglicana, como a questão do batismo, que até então, não era por imersão. Mas a versão
dos batistas é que sua origem teria sido na sucessão apostólica, isto é, teriam descendido
de João Batista, sendo a continuação da igreja primitiva, prosseguindo através
de uma sucessão
de igrejas (ou grupos) que batizavam apenas adultos, como os albigenses, os valdenses e, principalmente, os anabatistas, os quais pregaram sua mensagem ao período da Reforma Protestante. Utilizando este ponto
de vista, os
batistas se auto-proclamam a única igreja verdadeira.
No Brasil a Igreja Batista se subdividiu em algumas ramificações, como a “Primeira Igreja”, a “Peniel”, a “Filadélfia”, a “Sião”, etc., mas todas as partes mantêm a doutrina uniforme por meio das “Convenções
Batistas”. As congregações ou são filiadas a “Convenção Batista do Brasil” (CBB) ou são filiadas a “Convenção Batista Nacional” (CBN).
De qualquer forma, tanto a CBB quanto a CBN são filiadas a “Aliança Batista Mundial”. Portanto, apesar
de divergirem em questões administrativas, o fator característico que distingue esse ramo denominacional é a doutrina, o elo
de união e entre as diversas subdivisões dentro da Igreja Batista.
O QUE A IGREJA BATISTA DIZ SOBRE A LEI E O SÁBADO? O presente artigo não tem por finalidade provar o ensinamento bíblico através
dos testemunhos, depoimentos, credos, catecismos e declarações aqui transcritos, mas sim apresentar aos
batistas mal-informados
de sua própria doutrina qual o posicionamento oficial
de sua igreja frente às questões da Lei
de Deus e do sábado.
É fato que seus líderes e autoridades, teólogos
de maior gabarito, professores, ilustres evangelistas, pastores e famosos escritores concordam com os adventistas e demais cristãos observadores do sábado quanto à validade deste e
de todos os mandamentos do Decálogo como regra
de prática e conduta para o cristão. Inclusive é a mesma posição bíblica ensinada oficialmente há séculos pelas demais denominações cristãs, como presbiterianos, congregacionalistas, luteranos, metodistas, anglicanos, assembleianos, católicos, mórmons, etc.
A única diferença é que quando tratam
de “sábado”, esses mesmos autores
batistas pretendem reinterpretar o quarto mandamento como agora se aplicando ao primeiro dia da semana, supostamente devido à ressurreição
de Cristo. Então, estão certos e
de acordo quanto à validade e vigência
de todos os mandamentos do Decálogo e das origens edênicas do princípio sabático, porém estão equivocados ao acharem que o domingo tomou o lugar do sábado, uma informação que não consta
de parte alguma das Escrituras.
Vamos conferir agora como os
batistas respondem oficialmente às nossas perguntas.
1) O que é a Lei de Deus? O que são os Dez Mandamentos? Quem vai nos responder a essa primeira pergunta é o príncipe
dos pregadores
batistas, Carlos H. Spurgeon, afirma o seguinte em seus “Sermons”:
“A Lei
de Deus é uma lei divina, santa, celestial, perfeita. Aqueles que acham defeito na lei, ou que a depreciam em grau mínimo, não compreendem o seu desígnio e não têm uma idéia correta da própria lei. Paulo diz que ‘a lei é santa, mas eu sou carnal; vendido sob o pecado’. Em tudo quanto dizemos concernente à justificação pela
fé, nunca intencionamos diminuir o conceito que nossos ouvintes têm da lei, pois a lei é uma das obras
de Deus mais sublimes. Não há nenhum mandamento a mais; não há nem um a menos; mas ela é tão incomparável que sua perfeição é uma prova
de sua divindade. Nenhum legislador humano poderia ter trazido a existência uma lei semelhante à que encontramos no Decálogo.” — Vol. 2, sermão 18, p. 280. Grifos acrescentados.
Diz também o famoso escritor, evangelista internacional e líder religioso Billy Graham, que citando Wesley sobre os Dez Mandamentos, diz:
“A exemplo
de Wesley, sinto que deva pregar a lei e o juízo antes
de pregar a graça e o amor. (…) Os dez mandamentos… são as leis morais
de Deus para a conduta das pessoas. Alguns pensam que eles foram revogados. Isso não é verdade. Cristo ensinou a lei. Eles ainda estão em vigor hoje. Deus não mudou. As pessoas é que têm mudado. (…) A Bíblia diz que todos pecaram e destituí
dos estão da glória
de Deus. Os Dez Mandamentos são um espelho para nos mostrar como ficamos aquém em preencher os requisitos
de Deus.” — Sermão em Times Square, citado em George Burnham e Lee Fisher, “Billy Graham and the New York Crusade” (Zondervan Publ. House, Grand Rapids, Mich.), p. 108–109.
Podemos transcrever aqui nada mais nada menos que o próprio manual das Igrejas
Batistas, o “New Hampshire Confession of Faith”, sistematizado por Edward T. Hiscox, onde não há nenhum ensinamento da abolição ou mesmo da alteração da Lei
de Deus nesta positiva
declaração:
“Cremos que as Escrituras ensinam que a Lei
de Deus é a norma eterna e imutável
de Seu governo moral (Rom. 3:31; Mat. 5:17; Luc. 16:17; Rom. 3:20; 4:15); que essa lei é santa, justa e boa (Rom. 7:12; 7:7, 14, 22; Gál. 3:21; Sal. 119); e que a incapacidade, que as Escrituras atribuem aos homens caí
dos,
de cumprirem seus preceitos, resulta inteiramente
de seu amor ao pecado (Rom. 8:7,
; livrá-los disso e restaurá-los por meio
de um Mediador a uma sincera obediência à santa lei, é o grande propósito do evangelho e
dos meios
de graça relacionados com o estabelecimento da igreja visível (Rom. 8:2–4).” — Art. 12, p. 63–64. Também é encontrado no “Manual das Igrejas
Batistas”, por William Carey Taylor, ed. 4 (1949), p. 178, art. 12. Citado em O.C.S. Wallace, “What Baptist Believe”, p. 79. Grifos acrescentados.
Conforme foi visto acima, esses teólogos e autoridades da Igreja Batista têm a Lei
de Deus, os Dez Mandamentos, numa alta estima. Precisaríamos
de mais alguma informação depois desta, dada pelo MANUAL DAS IGREJAS
BATISTAS, que regulamenta todas as praxes da denominação? Creio que não! Vamos a outra pergunta:
2) Para que serve a Lei de Deus, os Dez Mandamentos? William Carey Taylor, Doutor em Teologia, professor de seminário batista por muitos anos, e grande escritor, responde a esta pergunta da seguinte forma:
“Seria uma bênção se cada púlpito no mundo trovejasse ao povo a voz divina do Decálogo, pois a Lei é aio [mestre, guia] para guiar a Cristo.” — Em “Os Dez Mandamentos”, p. 5.
Veja o que se encontra no próprio “Catecismo da Doutrina Batista”:
“Todos nós temos a obrigação de cumprir a Lei Moral… que é a que nos prescreve as obrigações para com Deus e o próximo. (…) A lei se acha expressa com maior minuciosidade nos Dez Mandamentos, dados por Deus a Moisés no Sinai.” — Por Pr. W. D. T. MacDonald, p. 28–29. Grifos acrescentados.
Por seu turno, o teólogo batista Pr. Nilson do Amaral Fanini, pregador do programa de televisão “Reencontro”, escreveu o seguinte:
“Se quisermos viver em paz com Deus e com o nosso próximo devemos, então, observar o Decálogo. (…) Devemos obedecer não por medo mas por amor. Precisamos observar as leis divinas tais quais elas são e não acomodá-las de acordo com as tendências da época, esquecendo ou comprometendo as leis divinas que regem a conduta moral.” — Em “Dez Passos Para Uma Vida Melhor”, p. 18–19.
Falando de como tratar os “que não sentem os seus pecados” nem “têm profunda convicção de culpa”, Dwight L. Moody, em seu sermão “Apelos e Orações”, dá o seguinte conselho a respeito da Lei de Deus:
“Fazei tão-somente que a Lei de Deus opere em tais pessoas, e as mostre a si próprias como realmente são. (…) Não busqueis curar a ferida antes de o ferimento ser sentido. Não procureis ministrar o consolo do evangelho sem que vossos conversos vejam que pecaram — vejam-no e também o sintam.”
Novamente Carlos H. Spurgeon, o grande pregador batista, declara:
“Para que existe a Lei de Deus? Para a guardarmos a fim de sermos salvos por ela? De maneira nenhuma. Foi-nos dada com o fim de mostrar-nos que não podemos ser salvos pelas obras, e limitarmos a ser salvos pela graça. Mas se presumis que a lei está alterada para que o homem a possa observar, deixai-lhe a sua velha esperança legal, e ele está certo de poder a ela apegar-se. Necessitais duma lei perfeita que mantenha o homem, quando apartado de Cristo, em estado de desesperança, ponha-o numa jaula de ferro, feche-o a cadeado e não lhe ofereça escape algum senão o da fé em Cristo; então se porá a gritar: ‘Senhor, salva-me pela graça, pois percebo que não me posso salvar por minhas próprias obras.’ E assim é que S. Paulo o apresenta aos Gálatas: ‘A Escritura incluiu a todos sob o pecado, para que a promessa pela fé de Jesus Cristo pudesse ser concedida aos que crêem. Mas antes de vir a fé, éramos mantidos sob a lei, retidos dentro da fé que depois se revelaria. Por essa causa a lei era nosso aio para conduzir-nos a Cristo, a fim de sermos justificados pela fé.’ Digo-vos que, pondo de parte a lei, despojastes o evangelho de seu auxiliar mais competente. Tirastes dela o aio que leva os homens a Cristo. Eles nunca aceitarão a graça sem que tremam perante uma lei justa e santa. Por conseguinte, a lei serve ao mais necessário e bendito propósito, e não deve ser removida do lugar que ocupa.” — Em “The Perpetuity of the Law of God”, p. 10–11. Grifos acrescentados.
Resumindo o que esses líderes batistas disseram, a Lei de Deus serve, dentre outros, para:
—> conduzir a Cristo,
—> nos manter em paz com Deus,
—> servir como regentes da nossa conduta moral,
—> cumprir nosso dever perante Deus,
—> expressar a vontade de Deus e
—> ser regra
de conduta, mesmo para os que foram justificados, etc.
3) A Lei de Deus, os Dez Mandamentos, estão vigentes para o cristão? O grande reformador João Calvino, um
dos pioneiros do movimento
de Reforma, e pai da Igreja Batista e da Presbiteriana, comentando Mt. 5:17 e Lc.16:17 em seu “Comentary on a Harmony of the Gospel”, assim declara:
“Não devemos supor que a vinda
de Cristo nos tornou livres da autoridade da lei; pois ela é a norma eterna
de uma vida devota e santa, e deve, portanto, ser tão imutável como a justiça
de Deus, que a envolveu, é constante e uniforme.” — Vol. 1, p. 277. Grifos acrescentados.
João Calvino também escreveu o seguinte em seus “Institutes”:
“A lei não sofreu nenhuma diminuição
de sua autoridade e deve receber
de nossa parte sempre o mesmo respeito e obediência.” — Vol. 2. cap. 7, sec. 15. Grifos acrescentados.
Para o Dr. George Eldon Ladd, teólogo batista
de renome, a resposta é a seguinte:
“Está claro que a Lei continua a ser a expressão da vontade
de Deus para a conduta, mesmo para aqueles que não estão mais sujeitos à lei.” — Em “Teologia do Novo Testamento”, p. 473. Grifos acrescentados.
Por seu turno, o fervoroso evangelista Dwight L. Moody acrescenta estes valiosos pensamentos:
“Agora os homens podem cavilar como desejarem a respeito
de outras partes da Bíblia, mas não encontrei jamais um homem honesto que encontrasse falta nos Dez Mandamentos. Os infiéis podem mofar o do Legislador e rejeitar Aquele que nos livrou da maldição da lei, mas não podem deixar
de admitir que os mandamentos são corretos. (…) são para todas as nações, e permanecerão os mandamentos
de Deus através
de todos os séculos. Devem-se fazer as pessoas entenderem que os Dez Mandamentos ainda são obrigatórios, e que há uma penalidade ligada à sua violação.
“Os mandamentos
de Deus, dados a Moisés no monte, em Horebe, são tão obrigatórios hoje como o foram desde a sua proclamação aos ouvidos do povo. Os judeus diziam que a lei não foi dada na Palestina (a que pertencia a Israel), mas no deserto, porque a lei era para todas as nações.
“Jesus jamais condenou a lei e os profetas, mas reprovou aqueles que não Lhe obedeciam. O fato
de Ele haver dado novos mandamentos, não indica que abolisse os antigos. A interpretação deles por Cristo tornou-os ainda mais impressivos.” — Em “Weighed and Wanting” (Pesado e achado em falta), p. 11–16. Grifos acrescentados.
“Pelo fato
de terem os cristãos maior luz, estão mais na obrigação
de observar os preceitos da lei do que os demais”, salienta a “Sociedade
de Publicações Batista” em seu Folheto n° 64, o qual declara:
“Para provar que os Dez Mandamentos são obrigatórios, peça a qualquer pessoa que os leia, um por um, e pergunte a sua própria consciência se haveria pecado em transgredi-los. É isto, ou qualquer parte disto, a liberdade do evangelho? Toda consciência que não tiver cauterizada deve responder a esta pergunta com uma negativa. (…)
“O Legislador e o Salvador são o mesmo; e os crentes devem estar
de acordo tanto com o primeiro como com o último; mas, se menosprezarmos a lei que Cristo Se deleitou em honrar, e contestarmos nossa obrigação
de a ela obedecer, como poderemos estar
de acordo com Ele? Não somos antes daquele sentimento que é inimizade contra Deus, nem em verdade o pode ser? (…)
“Se a lei não for uma norma
de conduta para os crentes, e uma perfeita norma, eles não se acham sujeitos a nenhum padrão; ou, o que vem a ser a mesma coisa, estão sem lei. Mas, se é assim, não cometem nenhum pecado; pois ‘onde não há lei, não há transgressão’; e nesse caso, não tem nenhum pecado a confessar quer a Deus, quer mutuamente; e também não se acham necessitados
de Cristo, como advogado para com o Pai, nem
de perdão diário através
de seu sangue. Assim, ao negar a lei, os homens destroem por completo o evangelho. Os crentes, portanto, em lugar
de estarem isentos da obrigação
de obedecer-lhe, acham-se sob maior obrigação
de o fazer do que quaisquer homens do mundo. Estar isento disso é estar sem lei, e por conseguinte, sem pecado; neste caso poderíamos viver sem um Salvador, o que é completamente contrário à religião.” — P. 2–6.
Noutro sermão o grande evangelista Billy Graham prossegue:
“Eu vos advirto esta noite, não pode haver paz até que a Lei seja observada e não há poder em nós para observar a Lei. A natureza humana é corrupta. É por isso que Cristo veio para dar-nos uma nova natureza e pôr em operação forças que nos possam trazer à existência uma nova ordem mundial.” — Sermão em Times Square, citado em George Burnham e Lee Fisher, “Billy Graham and the New York Crusade” (Zondervan Publ. House, Grand Rapids, Mich.), p. 191. Grifos acrescentados.
Outra vez o grande evangelista Carlos H. Spurgeon:
“Se alguém me diz: ‘Eis que em substituição aos Dez Mandamentos recebemos dois, que são muito mais fáceis,’ responder-lhe-ei que essa versão da lei não é
de maneira alguma mais fácil. Uma tal observação implica falta
de meditação e experiência. Esses dois preceitos abrangem os dez, em seu mais amplo sentido, não podendo ser considerados exclusão
de um jota ou til
dos mesmos. Quaisquer dificuldades existentes nos mandamentos são igualmente encontradas nos dois, que lhes são a súmula e substância. Se amais a Deus
de todo o vosso coração, torna-se-vos preciso observar a primeira parte (os primeiros quatros mandamentos); e se amais o próximo como a vós mesmos, precisais observar a segunda (os outros seis mandamentos).” — Em “The Perpetuity of the Law of God”, p. 5. Grifos acrescentados.
Na revista trimestral “Mensagem da Cruz”, da “Editora Betânia”, o Pastor George R. Foster escreve:
“Vejamos o testemunho do Apóstolo Paulo: ‘Eu morri para a lei, a fim
de viver para Deus.Estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na
fé no filho
de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim.’ Gl. 2:19,20
“Primeiro, ele disse: ‘Eu morri para a lei.’ Com isso ele não quis dizer que a lei tinha morrido para ele mas que ele tinha deixado
de observar as leis cerimoniais e que tinha deixado
de confiar na Lei como fonte
de salvação ou poder espiritual.
“A lei
de Deus não é anulada pelo evangelho: é cumprida e transcendida por ele. É bom lembrar que Jesus não veio revogar a Lei e, sim, cumpri-la (Mateus 5:17). Habitando em nós Jesus continuará cumprindo a Lei por nosso intermédio, natural e automaticamente. A Lei continua sendo nossa orientação moral, mas a grande finalidade dela é levar-nos a Cristo e à salvação.” — Edição outubro-dezembro
de 1986, em artigo intitulado “Viva o Evangelho
de Cristo!”, p. 6–7.
O Rev. Andrew Fuller, eminente ministro batista, conhecido como o “Franklin da teologia”, diz o seguinte:
“Se a doutrina da expiação nos leva a alimentar idéias falsas com relação à Lei
de Deus, ou a negar-lhe autoridade preceituaria, podemos estar certos
de que ela não é a doutrina escriturística da reconciliação. A expiação relacionava-se com a justiça e esta com a lei ou a revelada vontade do Soberano, a qual fora violada; e a própria finalidade
de expiação é restaurar a honra da lei. Se a lei, que foi transgredida, fosse injusta, em vez
de ser providenciada uma expiação para o seu quebrantamento, deveria ela ter sido revogada, e o Legislador levado sobre Si a vergonha
de havê-la ordenado. (…) É fácil notar, por conseguinte, que na proporção em que a lei é minimizada, e o evangelho é solapado, tanto a graça como a expiação são tornadas inúteis. É o uso abusivo da lei, ou o torná-la um meio
de vida, em oposição ao evangelho — para o que ela jamais foi dada a uma criatura caída — o que as Escrituras Sagradas desaprovam; e não a lei como revelada vontade
de Deus, o imutável padrão entre o direito
de Deus, o imutável padrão entre o direito e o erro. Deste ponto
de vista foi que os apóstolos nela se deleitaram; e se somos cristãos deleitar-nos-emos nela também, e não nos oporemos a estar sob ela como uma norma
de dever; pois nenhum homem se opõe a ser governado pelas leis
de que gosta.” — Em “Atonement of Christ”. Ver “Works of Andrew Fuller”, p. 160–161.
E o posicionamento oficial da Igreja Batista defendendo a vigência da Lei Moral:
“Para sempre a Lei Moral requer obediência
de todos, tanto
de pessoas justificadas quanto das demais. E isto não apenas por causa do assunto
de que trata essa lei, mas, também, por causa da autoridade
de Deus, o Criador, que a impôs. No evangelho, Cristo
de modo nenhum dissolve a lei, antes confirma a sua obrigatoriedade.” — Em “Confissão
de Fé Batista
de Londres” (1689), art. XIX, tomo III e IV. Grifos acrescentados.
Depois
de mostrarmos o pensamento
de seu fundador e a posição da confissão
de fé batista, precisaríamos citar mais alguma fonte para provar que todos os Dez Mandamentos permanecem vigentes para os cristãos, segundo o ensinamento oficial da Igreja Batista?
4) Desde quando existem os Dez Mandamentos, a Lei de Deus? Ainda podemos extrair o seguinte da “Confissão
de Fé Batista
de Londres” (1689):
“Depois
de haver feito as outras criaturas, Deus criou o homem, macho e fêmea, com almas racionais e imortais… tendo a lei
de Deus escrita em seus corações, e o poder
de cumpri-la, mas com a possibilidade
de transgredi-la, sendo deixados à liberdade da sua própria vontade, que era mutável. Além dessa escrita em seus corações, receberam o preceito
de não comerem da árvore da ciência do bem e do mal”. — Art. IV, tomo II. Grifos acrescentados.
Da mesma confissão
de fé, lemos:
“A mesma lei que uma vez foi inscrita no coração humano continuou a ser uma regra perfeita
de justiça após a queda.” — Art. XIX, tomo II.
Vejamos o que o Dr. William C. Procter, erudito
de maior gabarito, declara sobre essa questão da lei antes do Sinai:
“Não deveríamos supor que os Dez Mandamentos eram disposições inteiramente novas quando foram proclamados no Sinai, pois a palavra hebraica torah é empregada em tais passagens anteriores do Velho Testamento como Gênesis 26:5; Êxodo 12:49; Gênesis 35:2; 13:9; 16:4, 28; 18:16, 20. [Gênesis 4:26; 14:22; 31:53 são citados para o princípio do terceiro; Gênesis 2:3 e Êxodo 16:22–30 para o quarto; Gênesis 9:6, para o sexto; e Gênesis 2:25 para o sétimo]. O decálogo pode, destarte, ser considerado a plena e solene
declaração dos deveres que haviam sido mais ou menos revelados previamente, e essa enunciação pública teve lugar sob circunstâncias absolutamente singulares. É-nos dito que ‘as dez palavras’ foram pronunciadas pela própria voz
de Deus (Êxo. 20:1; Deut. 5:4, 22–26); e duas vezes após escritas sobre tábuas
de pedra com o dedo
de Deus’ (Êxo. 2:12; 31:18; 32:16; 34:1, 28; Deut. 4:13; 5:22; 9:10; 10:1–4), assim apelando igualmente aos ouvidos, aos olhos, e realçando tanto sua suprema importância e permanente obrigação.” — Em “Moody Bible Institute Monthly”, outubro
de 1933.
E o Pr. Antonio Neves
de Mesquita, Doutor em Teologia, e professor
de seminários teológicos
batistas de grande projeção, em seu livro “Estudo no Livro
de Êxodo”, registra estas palavras:
“Tomemos em consideração que antes
de serem dadas as dez proposições, comumente chamadas Lei, já todos os ensinos nelas codificados estavam em vigor. Podemos mesmo dizer que desde que apareceu o homem sobre a terra os princípios do Decálogo tinham força
de lei. E, se quisermos recuar mais ao passado, podemos afirmar que nunca houve tempo nem eternidade em que tais princípios não existissem. (…) Quando o homem foi criado, não lhe foi dada esta lei em forma catalogada, mas lhe foi posta no coração, dentro da consciência, dentro
de sua íntima natureza, para que por ela se governasse.” — P. 133. Grifos acrescentados.
Aí está o testemunho
de alguém que estudou bastante o Livro
de Deus, e os ensinamentos
dos grandes mestres da Igreja Batista. O Dr. Antonio Neves
de Mesquita é autoridade muito responsável, e que pode muito bem responder pela Igreja Batista! Pelo que lemos
dos testemunhos
batistas, não há nenhuma dúvida entre seus teólogos e mentores
de que os Dez Mandamentos foram dados a Adão, ANTES DA QUEDA. Portanto, a resposta a esta pergunta deve ser: DESDE A CRIAÇÃO DO MUNDO!
5) Existe diferença entre a Lei Moral e a Lei Cerimonial? Eis as seguintes declarações de um teólogo batista que muito estudou a Bíblia:
“Jesus não deu um novo código moral. Ele não foi um segundo Promulgador de leis, como Moisés. Ele era muito superior, e Seus ensinos morais situam-se num plano muito mais elevado do que os de Moisés. Ele não Se preocupava tanto com enunciar regras detalhadas para regular a vida moral, e sim em enunciar princípios eternos pelos quais os homens deviam viver sob Deus e em falar sobre motivos e propósitos que deviam governar todos os nossos atos.
“Jesus não concedeu um novo código, mas também não disse que os ensinamentos do Velho Testamento estavam suspensos. As leis cerimoniais e ritualísticas do Velho Testamento foram ab-rogados para o cristão, mas não os Dez Mandamentos.” — J. Philip Hyatt, “The Teacher” (publicação batista), outubro de 1943, vol. 57, nº 10, p. 5.
O renomado teólogo batista Weldon E. Viertel afirma o seguinte quanto à divisão de leis:
“A Lei pode ser dividida em três tipos: cerimonial, civil e moral. (…) De acordo com o livro de Hebreus, as leis cerimoniais eram sombras de Cristo. A sombra foi substituída pela realidade de Cristo e Seu ato redentor. As leis cerimoniais foram cumpridas; portanto, a Igreja não observa as leis sacrificiais e os festivais. As leis cerimoniais foram aplicadas a Cristo, em grande parte pelo uso da tipologia.
“…A Lei Moral continua efetiva; todavia, Cristo deu-lhe outro nível de sentido e aplicação. Lidou com a raiz das atividades éticas, incluindo atividades e motivos (o coração do homem).” — Em “A Interpretação da Bíblia”, p. 194.
O já citado Dr. Antonio Neves de Mesquita ajuda na resposta quando diz:
“O concerto divide-se em três partes: Lei Moral ou os Dez Mandamentos (20:1–17); Lei do Altar ou Cerimonial, meio de aproximação a Deus (20:22–26 e o livro de Levítico); e Lei Civil (21:1–23:19).” — Op. cit., p. 131. Grifos acrescentados.
E a posição oficial batista, extraída da Confissão de Fé de Londres (1689):
“Além desta lei (os Dez Mandamentos), comumente chamada de Lei Moral, Deus houve por bem dar leis cerimoniais ao povo de Israel, contendo diversas ordenanças simbólicas: em parte, de adoração, prefigurando Cristo, as suas graças, suas ações, seus sofrimentos, e os benefícios que conferiu; e, em parte, estabelecendo várias instruções de deveres morais.
“As leis cerimoniais foram instituídas com vigência temporária, pois mais tarde seriam ab-rogadas por Jesus, o Messias e único Legislador, que, vindo no poder do Pai, cumpriu e revogou essas leis.
“Deus também deu diversas leis judiciais ao povo de Israel, que expiraram juntamente com o antigo Estado de Israel e agora não possuem caráter obrigatório” — Art. XIX, tomo III e IV. Grifos acrescentados.
De tudo que está registrado, fica mais do que claro que esses documentos confessionais cristãos históricos, além de mestres de outras confissões, admitem que existam pelo menos duas leis, dentre outras, das quais fala a Escritura Sagrada:
—> Lei Moral — sumariada nos Dez Mandamentos, e
—> Lei Cerimonial — representada pelos sacrifícios e ordenanças rituais para Israel.
6) A que tipo de lei o apóstolo Paulo se refere em Colossenses 2:16? Da obra publicada pelos
batistas, “Comentario Exegetico y Explicativo
de La Bíblia”, por Roberto Jamieson, A R. Fausset e David Brown, estudiosos fundamentalistas, assim Colossenses 2:16 e 17 é comentado:
“‘SÁBADOS’ referem-se ao dia da Expiação e festa
dos Tabernáculos que chegaram ao fim com os cultos judaicos a que pertenciam (Levíticos 23:32, 37 e 39). O sábado semanal repousa em base mais permanente, tendo sido instituído no Paraíso para comemorar o término da Criação em seis dias. Levíticos 23:38 expressamente distingue ‘o sábado do Senhor’,
de outro sábados. Um preceito positivo é ordenado por ser necessário e cessa
de ser obrigatório quando ab-rogado; porém o preceito moral é ordenado eternamente, porque é eternamente necessário.” — Tomo 2, p. 520. Ver também em “Estudo no Livro
de Êxodo”, p. 163, 169–170. Grifos acrescentados.
E a importante
declaração do Dr. A. H. Strong sobre Col. 2:16 e 17 em “Systematic Theology”:
“Percebemos… a importância e o valor do sábado, como comemorativo do ato divino da Criação e, necessariamente da personalidade, soberania e transcendência
de Deus. O sábado é
de obrigação perpétua como o memorial estabelecido
de Sua atividade criadora. A instituição do sábado é antedata ao decálogo e forma uma parte da lei moral. Feito na criação, ele se aplica ao homem em toda a parte e em época, em seu atual estado
de criatura. (…) Nem nosso Senhor nem Seus apóstolos ab-rogaram o sábado do Decálogo. A nova dispensação anulou as prescrições mosaicas relativas à maneira
de guardar o sábado, mas continua reafirmando sua observância como
de origem divina necessária à natureza humana. Nem tudo na lei mosaica foi abolido por Cristo… Cristo não cravou na cruz mandamentos do Decálogo.” — P. 408–409. Grifos acrescentados.
Mais uma questão devidamente esclarecida. E a posição oficial da Igreja Batista é que Colossenses 2:16 não está falando do sábado do quarto mandamento. Está falando da LEI CERIMONIAL, e não da Lei Moral!
7) E o sábado do quarto mandamento da Lei Moral, qual a sua origem? Mais uma vez, o Dr. Antonio Neves
de Mesquita, com a palavra abalizada do estudioso:
“Naturalmente, temos
de remontar ao princípio da criação, quando Deus descansou
dos labores criativos, para encontrarmos a resposta à pergunta sobre a existência do sábado.” — Op. cit., p. 162–163.
Repetindo aqui uma parte da citação do comentário bíblico
de Jamieson, Fausset e Brown:
“O sábado semanal repousa em base mais permanente, tendo sido instituído no Paraíso para comemorar o término da Criação em seis dias. (…) o preceito moral é ordenado eternamente, porque é eternamente necessário.” — Tomo 2, p. 520. Nota sobre Col. 2:16–17.
Repetindo aqui uma parte da importante
declaração do Dr. A. H. Strong sobre Colossenses 2:16 e 17:
“Percebemos… a importância e o valor do sábado, como comemorativo do ato divino da Criação e, necessariamente da personalidade, soberania e transcendência
de Deus. O sábado é
de obrigação perpétua como o memorial estabelecido
de Sua atividade criadora. A instituição do sábado é antedata ao decálogo e forma uma parte da lei moral. Feito na criação, ele se aplica ao homem em toda a parte e em época, em seu atual estado
de criatura. (…) A nova dispensação… continua reafirmando sua observância como
de origem divina necessária à natureza humana.” — P. 408–409. Grifos acrescentados.
Vamos, outra vez, consultar o “Comentario Exegetico y Explicativo
de La Biblia”, onde se lê o seguinte:
“A instituição sábado é tão velha como a criação, dando origem à divisão semanal do tempo, o que prevaleceu nas épocas mais remotas.” — Tomo I, p. 21.
E diz um pesquisador batista do famoso Instituto Moody:
“A semana, com o seu sábado, é um arranjo artificial. A razão para ele é achada somente nas Escrituras do Velho Testamento. Aqui é sempre associado com a revelação da parte
de Deus. (…) Ali está sempre associado com a revelação
de Deus. (…)
“Idéias e práticas religiosas entre todos os povos, em variados graus, têm sido associadas com todas as divisões
de tempo, que os homens adotaram. Mas em relação somente com a semana é a religião a explicação óbvia para sua origem, e a semana somente é uniformemente atribuída ao mandamento
de Deus. A semana existe por causa do sábado. É histórica e cientificamente verdade que o sábado foi feito por Deus”. — W. O. Carver, em “Sabbath Observance”, p. 34–35. Produzido pela “Sunday School Board of the Southern Baptist Convention” (Junta da Escola Dominical da Convenção Batista do Sul).
A origem do sábado, ao contrário do que ensinam alguns
batistas leigos desinformados, não é a doação da lei
dos Dez Mandamentos no Monte Sinai. Conforme os líderes
batistas estudiosos da Bíblia, foi na SEMANA DA CRIAÇÃO. Seis dias
de trabalho, e o sétimo dia foi SANTIFICADO para o descanso das coisas seculares e culto religioso, que é a posição oficial da Igreja Batista.
Há razões para santificarmos o sábado? O primeiro que vai nos indicar algumas boas razões é o batista já citado Pr. Nilson do Amaral Fanini, que enumera dois motivos para o quarto mandamento:
“1. O Criador descansou. ‘E ao sétimo dia descansou’. Deus nos dá o exemplo
de descanso.
“2. É que Deus santificou um dia. ‘Portanto, abençoou o Senhor o dia do sábado, e o santificou.’ Isto é, Deus separou um dia para ser consagrado a ele. Portanto não temos o direito
de usar aquilo que não é nosso. O dia é do Senhor. Quando usamos algo que não nos pertence, estamos sendo péssimos mordomos. Mas devemos santificar o tempo. Não basta assistirmos aos trabalhos da igreja. As demais horas do dia devem ser vividas santificadamente.” — Op. cit., p. 41.
Novamente o comentário bíblico
dos batistas Jamieson, Fausset e Brown, é declarado que:
“…e repousou no dia sétimo — não para repousar
de esgotamento pelo trabalho (veja Isaías 40:28), mas cessou
de trabalhar, dando um exemplo, que equivale a um mandamento, para que nós também suspendamos toda classe
de trabalho.
“3. Abençoou Deus o dia sétimo e o santificou. — fazendo uma distinção própria sobre os outros seis dias, demonstra que foi dedicado para fins sagrados. (…) É uma lei sábia e benéfica, pois proporciona aquele intervalo regular
de descanso que requer a natureza física do homem e
dos animais empregados em seu serviço, e a não observância do mesmo traz em ambos os casos uma decadência prematura.” — Op. cit., p. 21. Grifos acrescentados.
Outra vez, o Dr. Antonio Neves
de Mesquita ajuda na resposta:
“Seria impossível a qualquer povo desenvolver espírito religioso sadio e moral alevantada sem que houvesse meios adequados. Ora, o sábado, forçando o descanso das coisas seculares e fazendo inclinar a mente para as divinas, relembrando as beneficências
de Deus à raça, conseguiria manter em equilíbrio os dois poderes humanos: físico e moral. (…) O sábado é um elo unindo os homens a Deus por meio do culto, que ele faculta e desenvolve. (…) Podemos aferir grandemente a espiritualidade
de um homem pelo respeito que ele tem pelo dia
de descanso.” — Op. cit., p. 163, 169 e 170. Grifos acrescentados.
Catecismo Batista
de 1855 (compilado por Charles H. Spurgeon):
“49. Pergunta: Qual é o quarto mandamento?
“Resposta: O quarto mandamento é: Êxodo 20:8–11. ‘Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do SENHOR teu Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro, que está dentro das tuas portas’.”
“50. Pergunta: O que se exige no quarto mandamento?
“Resposta: O quarto mandamento exige que sejam reservados santos a Deus os tempos que Ele determinou em Sua Palavra, especialmente um dia completo
dos sete, que deve ser um Sabbath santificado a Ele (Levítico 19:30).”
“51. Pergunta: Como se deve santificar o Sabbath?
“Resposta: O dia do Senhor deve ser santificado através
de um descanso santo do dia inteiro, até mesmo
de trabalhos e divertimentos mundanos que são certos nos outros dias (Levítico 23:3), e passar o tempo inteiro em adoração pública ou particular a Deus (Salmo 92:1–2), exceto nas obras necessárias
de caridade (Mateus 12:11–12).” — Esse catecismo pode ser visualizado no seguinte web site: http://www.luz.eti.br/do_catecismobatista1855.html (acessado a 23/08/07).
Indiscutivelmente, todas essas autoridades e documentos religiosos da Igreja Batista não concordam com a visão herética semi-antinomista/dispensacionalista que nega a validade e vigência do Decálogo como norma cristã, e prega o fim total do quarto mandamento, como sendo “cerimonial”. Mesmo que o sábado seja interpretado por esses documentos e autores como referindo-se ao primeiro dia, o “sábado cristão” como é chamado, o que importa é que admitem oficialmente a validade e vigência do mandamento e as origens endêmicas do princípio sabático. A questão sobre o domingo ter tomado o lugar do sétimo dia já é outra.
9) Contra o que Jesus Se levantou com relação ao sábado? Quem nós vamos convidar primeiro para responder a esta pergunta é o famoso escritor batista, Pr. Enéas Tognini, que diz:
“Contra os acréscimos Jesus Se levantou e os combateu, ressuscitando do ‘sábado’ o mais importante, o mais sagrado, que era o amor que se devia a Deus e ao próximo.” — Em “Jesus e os Dez Mandamentos”, p. 39. Grifos acrescentados.
Também da obra batista “O Novo Dicionário da Bíblia”, nós lemos estas esclarecedoras palavras:
“Durante o período entre os dois Testamentos, entretanto, foi surgindo gradualmente uma alteração no que diz respeito à compreensão acerca do propósito do sábado. (…) Paulatinamente a tradição oral foi se desenvolvendo entre os judeus, e a atenção passou a focalizar-se na observância
de minúcias. (…) Foi contra essa sobrecarga aos mandamentos
de Deus, pelas tradições humanas, que nosso Senhor se insurgiu. Suas observações não eram dirigidas contra a instituição do sábado como tal, nem contra o ensinamento do Antigo Testamento. Mas Ele Se opunha aos fariseus, que deixavam a Palavra
de Deus sem efeito por causa
de suas pesadíssimas tradições orais.” — P. 1422. Grifos acrescentados.
Novamente Carlos H. Spurgeon, o príncipe
dos pregadores
batistas, em sua obra “Perpetuity of the Law of God” (Eternidade da Lei
de Deus), afirma:
“Jesus não veio mudar a lei, mas sim explicá-la, e isto mostra que ela permanece; pois não há nenhuma necessidade
de explicar aquilo que foi ab-rogado. (…) Ao assim explicar a lei Ele a confirmou; Ele não poderia ter intenção
de aboli-la, do contrário não precisaria interpretá-la. (…) Que o Mestre não veio alterar a lei é claro, porque depois
de incorporá-la à Sua vida, voluntariamente Se deu a Si mesmo para levar-lhe a penalidade, embora jamais a houvesse transgredido, pagando a penalidade por nós, como está escrito: ‘Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós.’ (…) Se a lei houvesse exigido
de nós mais do que deveria ter feito, teria o Senhor Jesus pago por ela a penalidade que resulta
de seus tão severos preceitos? Estou certo
de que não o faria. Mas pelo fato
de a lei pedir apenas aquilo que deve pedir, isto é, perfeita obediência, e exigir do transgressor somente aquilo que deve exigir, a saber, morte como penalidade pelo pecado — por essa razão o Salvador foi para o madeiro, e ali morreu por nossos pecados e os expiou
de uma vez por todas.” — P. 4–7.
10) Jesus guardou o mandamento do sábado? Existem
batistas leigos, mesmo sinceros, que acreditam que Jesus não guardou os Dez Mandamentos e que ele combateu o sábado. O que diz a Bíblia? Até onde vai o conhecimento deles? Caso Jesus tivesse profanado o sábado, ou qualquer outra lei, Ele não poderia ser “um cordeiro sem defeito nem mancha” (1Pe.1:19), nem poderia ser o Messias que tem a função
de “engrandecer a lei e torná-la gloriosa” (Is.42.21). Então, quem afirma que Cristo violou o sábado, está negando que Ele era o Messias, tornando-O um mero pecador e mentiroso, pois Ele mesmo disse ter observado os mandamentos (Jo.15:10).
E o que dizem os líderes
batistas sobre esse assunto? Diz o já citado Pr. Enéas Tognini em sua obra “Jesus e os Dez Mandamentos”:
“O quarto mandamento proíbe as atividades materiais, seculares. Por outro lado, ordena na palavra ‘santificar’ um trabalho espiritual, um serviço dedicado ao Senhor. Jesus cumpriu à risca as duas partes da prescrição legal. Ele não violou o mandamento divino como foi acusado pelos Judeus; o que Ele fez foi não ajustar-Se às fórmulas exteriotipadas
dos acréscimos engendrados pelas tradições humanas em torno
de um mandamento tão simples e tão claro. (…) Jesus, portanto estava certo, e mais do que certo quanto à guarda do sábado e não os seus gratuitos opositores. (…)
“Sobre o oceano
de confusão agitado pela celeuma farisaica sobre o quarto mandamento, uma coisa paira mais alto e
de modo inconfundível: é como Jesus guardou o sábado. Pelo menos três coisas vitais, importantes Jesus fez no sábado: 1) Nem Jesus, nem Seus discípulos fizeram no sábado qualquer trabalho secular; 2) foi regular, sistemática e costumeiramente à sinagoga, onde Se entregava às atividades divinas; 3) Gastou sempre as horas do sábado pregando o Evangelho, como se pode verificar
de Lucas 4:16 e Marcos 1:21–39; a curar os enfermos, os coxos, os aleijados, os endemoninhados…” — P. 42–43. Grifos acrescentados.
E novamente o evangelista Dwight L. Moody, também afirma:
“Cristo guardou a lei. Se a tivesse alguma vez quebrado, teria que morrer por Si mesmo; mas porque era Cordeiro imaculado e incontaminado, Sua morte propiciatória é eficaz para vós e para mim. Não tinha pecado próprio pelo qual expiar,
de maneira que Deus Lhe aceitou o sacrifício. Cristo é o fim da lei para justiça
de todo aquele que crê. Somos justos aos olhos
de Deus porque a justiça divina que é pela
fé em Jesus Cristo, é para todos e por todos os que crêem.” — Op. cit., p. 123–124. Veja as notas nas p. 322–323, 329 e 335.
Então, podemos afirmar com toda convicção: Jesus não Se levantou contra os Mandamentos, nem contra o sábado. O que Jesus fez foi não Se ajustar às formas e aos acréscimos que os escribas e fariseus fizeram à Lei
de Deus. Jesus guardava o sábado conforme a ESSÊNCIA do quarto mandamento, e não à moda farisaica cheia
de tradições! O que fica mais do que claro que Jesus queria confrontar os escribas e fariseus na MANEIRA deles verem o mandamento do sábado, e não no próprio mandamento em si, para reformar a observância sabática ao verdadeiro sentido do mandamento.
11) O sábado pode ser reinterpretado segundo a vontade de cada um? Os
batistas acham que eles mesmos são os que devem escolher o dia para o descanso e culto, reinterpretando o mandamento do sábado e aplicando-o ao domingo, chamando-o
de “o sábado cristão”. O fato é que esta questão está obedecendo à conveniência das pessoas e não o que diz o claro “assim diz o SENHOR”. Será que deve ser assim mesmo? Biblicamente, “o sétimo dia é o sábado do SENHOR” (Ex.20:10). Contudo, qual a posição oficial batista expressa em “New Hampshire Confession of Faith” (Confissão
de Fé de New Hampshire)? Vemos claramente a vigência do princípio sabático, mas infelizmente está sendo aplicado ao primeiro dia:
“XV. DO SÁBADO CRISTÃO
Cremos que o primeiro dia da semana é o dia do Senhor, ou o sábado cristão; e deve ser mantido sagrado para propósitos religiosos, pela abstenção
de todo o labor secular e recreações pecaminosas; pela observância devota
de todos os meios
de graça, tanto privado quanto público; e pela preparação para aquele repouso que restará para o Povo
de Deus.” — Art. XV. Grifos acrescentados.
Posição oficial que confirma a confissão
de fé batista
de 1689:
“Por instituição divina, é uma lei universal da natureza que uma proporção
de tempo seja separada para a adoração a Deus. Por isso, em sua Palavra — através
de um mandamento explícito, perpétuo e moral, válido para todos os homens, em todas as eras — Deus determinou que um dia em cada sete lhe seja santificado, como dia
de descanso. Desde o começo do mundo, até a ressurreição
de Cristo, esse dia era o último da semana; e, desde a ressurreição
de Cristo, foi mudado para o primeiro dia da semana, que é chamado ‘Dia do Senhor’. A guarda desse dia como sábado cristão deve continuar até o fim do mundo, pois foi abolida a observância do último dia da semana.” — Em “Adoração religiosa e o dia do Senhor — Confissão
de fé Batista
de 1689”, cap. 22. Grifos acrescentados.
E o tópico VIII da “Mensagem
de Fé Batista” declara:
“O primeiro dia da semana é o dia do Senhor. É uma instituição cristã para ser observada regularmente. Comemora a ressurreição
de Cristo dentre os mortos e deve ser empregado no exercício do culto e da devoção espiritual, tanto pública como privada, para refrear as diversões mundanas e para o descanso do trabalho secular, exceto o trabalho
de necessidade e
de misericórdia.”
12) A Bíblia ensina a observância do domingo no lugar do sábado? O Rev. Joseph Judson Taylor, famoso ministro da Igreja Batista, faz esta
declaração em “The Sabbath Question”:
“Neste ponto (o sábado) o ensinamento da Palavra tem sido admitido em todas as gerações.”
“Nenhuma vez os discípulos aplicaram a lei sabática ao primeiro dia da semana. Esta loucura realizou-se num tempo posterior. Nem pretendiam que o primeiro dia suplantasse o sétimo.” — P. 17 e 41. Grifos acrescentados.
O Dr. Edward T. Hiscox, autor do Manual Batista, fez perante um grupo
de ministros, na “Convenção Ministerial Batista”, em New York, no dia 13
de novembro
de 1893, a seguinte
declaração:
“Havia e há um mandamento para santificar-se o Sábado, mas esse Sábado não era o domingo. Sem impedimento pode-se dizer, com mostras
de triunfo, que o sábado foi transferido do sétimo ao primeiro dia, com todos os seus deveres, privilégios e santidades. Com ardente ansiedade, buscando informações sobre este assunto que tenho estudado durante muitos anos, pergunto: onde pode encontrar-se o arquivo desta transação? Não no Novo Testamento, absolutamente não. Não há evidência bíblica quanto à mudança do sábado do sétimo para o primeiro dia da semana.
“Desejo dizer que esta questão do sábado, deste ponto
de vista, é o problema mais grave e desconcertante relacionado com as instituições cristãs, que presentemente chama a atenção
dos cristãos; e a única razão por que o mundo cristão tem permanecido satisfeito com a convicção
de que alguma ocasião, no começo da história cristã, foi feita uma mudança. (…)
“Parece-me inexplicável que Jesus, durante três anos
de discussões com Seus discípulos, em muitas oportunidades conversando com eles sobre o sábado, abrangendo seus vários aspectos, livrando-o
de todo seu falso brilho (supertições farisaicas), nunca aludiu à transferência desse dia; nem tampouco, durante os quarenta dias após Sua ressurreição, o insinuou. Também, tanto quanto sabemos, o Espírito Santo que lhes foi dado para recordar todas as coisas que Ele lhes havia dito, não tratou deste assunto. Também não o fizeram os inspirados apóstolos, ao pregarem o evangelho, estabeleceram igrejas, aconselharem e instruírem as já estabelecidas, discutirem ou tratarem desse assunto.
“É claro que sei perfeitamente ter o domingo entrado em uso, como dia religioso, na história da Igreja cristã… Mas é lamentável que tenha vindo com uma marca do paganismo e batizado com o nome
de ‘dia do Sol’, então adotado e santificado pela apostasia papal e vindo como um legado sagrado ao protestantismo.” — Grifos acrescentados.
Três dias depois o “The Watchman Examiner” (órgão batista
de New York) fez menção desse discurso, descrevendo o intenso interesse manifestado pelos ministros presentes, e a discussão que se seguiu a sua apresentação:
“As Escrituras não denominam, em nenhum lugar, ao primeiro dia da semana como sábado… Não há autorização bíblica para fazê-lo, nem por lógica, ou por alguma obrigação bíblica.” — Grifos acrescentados.
E por fim, o Dr. John Dowling, que por vários anos foi pastor
de uma igreja batista na cidade
de New York, afirma o seguinte em sua obra “History of Romanism”:
“‘A Bíblia e a Bíblia somente!’ Não tem nenhuma importância, na opinião
de um protestante genuíno, quão cedo uma doutrina se tenha originado, se ela não é encontrada na Bíblia. (…) Portanto, se uma doutrina for proposta para ser por ele aceita, pergunta ela: ‘Encontra-se ela na Palavra
de Inspirada? Foi ela ensinada por nosso Senhor Jesus Cristo e Seus apóstolos?’ Se eles nada sabiam a seu respeito, não lhe importa se ela é encontrada na pasta bolorenta
de algum antigo visionário do terceiro ou quarto século, ou se brota da imaginação fértil
de algum moderno visionário do século dezenove; se não for encontrada nas Sagradas Escrituras, não apresenta ela nenhuma reivindicação válida para ser aceita como artigo
de seu credo religioso. (…) Aquele que aceita uma doutrina sequer (o domingo), baseada na simples autoridade da tradição, tenha ele o nome que tiver, ao assim proceder, desce da rocha do protestantismo, transpõe a linha que separa o protestantismo do papado e não pode apresentar nenhuma razão válida porque não aceita todas as doutrinas e cerimônias mais antigas do romanismo, com base na mesma autoridade.” — 13ª ed., p. 67–68.
O domingo encontra-se na Palavra Inspirada? Foi o domingo ensinado por nosso Senhor Jesus Cristo e Seus apóstolos? Se a guarda do domingo “não for encontrada nas escrituras, não apresenta nenhuma reivindicação válida para ser aceita”. Do contrário, no caso, a afirmação “A Bíblia e a Bíblia somente!” está sendo descartada por essa doutrina que “transpõe a linha que separa o protestantismo do papado”.
13) Como poderíamos resumir todo o ensinamento batista que vimos até agora? A — A universal e eterna lei
de Deus é sistematizada e expressa para o homem na forma
dos Dez Mandamentos, também universais e eternos, que prosseguem válidos e vigentes como norma
de conduta cristã. Tal fato sempre foi oficialmente reconhecido por doutíssimas autoridades em Teologia do presente e do passado, pertencentes às mais diferentes denominações, e é o que tradicionalmente constituiu o pensamento geral
de toda a cristandade.
B — A lei divina nas Escrituras se apresenta com preceitos morais, cerimoniais, civis, etc., sendo que a parcela cerimonial, por ser prefigurativa do sacrifício
de Cristo, findou na cruz, mas os mandamentos
de caráter moral prosseguem válidos e vigentes para os cristãos.
C — Dentro do Decálogo há o quarto mandamento estabelecendo que um dia inteiro entre sete
de descanso deve ser santificado a Deus, princípio este que fora instituído na fundação do mundo para benefício do homem no Éden e deve ser mantido pelos cristãos hoje.
D — Jesus não transgrediu o quarto mandamento, muito pelo contrário, Ele pretendia reformar sua observância
de acordo com a essência do princípios sabático e em nenhum lugar da Bíblia consta a informação
de que o sábado foi substituído do sétimo dia para o primeiro da semana.
14) Como o cristão demonstra o seu amor a Deus?
“Se Me amardes, guardareis os Meus mandamentos. (…) Aquele que tem os Meus mandamentos e os guarda esse é o que Me ama; e aquele que Me ama será amado
de Meu Pai, e Eu o amarei, e Me manifestarei a ele.” (Jo.14:15,21)
15) Diante de tudo o que foi apresentado, qual deve ser a posição de cada ovelha do rebanho da Igreja Batista? A Bíblia Viva registra Tiago 4:17 da seguinte maneira:
“Lembrem-se também
de que, saber o que deve ser feito e não fazer, é pecado.”
16) Como cristão sincero, nascido de novo pelo sangue de Cristo, qual vai ser a sua resposta ao Senhor Jesus? A escolha é totalmente sua!
“Aqui está a perseverança
dos santos, daqueles que guardam os mandamentos
de Deus e a
fé em Jesus.” (Ap.14:12)
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