Os falsos apóstolos e o espinho na carne.

OS FALSOS APÓSTOLOS E O ESPINHO NA CARNE.

Os falsos apóstolos.

Mas temo que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos entendimentos e se apartem da simplicidade e da pureza que há em Cristo.
Porque, se alguém vem e vos prega outro Jesus que nós não temos pregado, ou se recebeis outro espírito que não recebestes, ou outro evangelho que não abraçastes, de boa mente o suportais!
2 Coríntios 11:3-4

a serpente enganou eva. A igreja de Corinto estava sob ameaça perigosa. Paulo compara esta ameaça ao engano de Eva por Satanás. Temia que assim como Eva, fossem vítimas das mentiras de Satanás e tivessem suas mentes corrompidas. O resultado trágico seria o abandono da simples devoção a Cristo em favor o erro sofisticado dos falsos apóstolos. Esta alusão a Gênesis 3 implica que os falsos apóstolos eram emissários de Satanás (vs. 13-14).


vindo alguém. Os falsos apóstolos tinham vindo de fora para a igreja de Corinto, assim como Satanás no jardim. É bem provável serem judeus palestinos (v 22) que supostamente queriam fazer os corintios ficarem sob o domínio da igreja de Jerusalém. Mas ao contrário dos judaizantes que atormentavam as igrejas da Galácia (Gl 5.2), estes não não insistiam para que os coríntios se circuncidarem. Eles também não praticavam o legalismo rígido. Declaravam falsamente representar a igreja de Jerusalém (At 15.24), possuindo até mesmo cartas de recomendação (2Co 3.1). Declarando serem superiores dentre os apóstolos eles desprezavam os direitos apostólicos de Paulo. Embora seus ensinos fossem diferentes dos judaizantes da Galácia, eram tão fatais quanto eles.

outro Jesus... espírito diferente... evangelho diferente. Apesar dos ferozes ataques que sofria da parte deles, a contenda com Paulo não era pessoal, mas doutrinária. Aqueles porém que adulteravam o verdadeiro evangelho recebiam a mais forte condenação de Paulo (Gl 1.6-9). Embora os detalhes precisos a respeito do que ensinavam estes falsos apóstolos não sejam conhecidos sabemos que pregavam um “outro Jesus” e “um espírito diferente” que culminava em um “evangelho diferente”.

de boa mente o tolerais. O temor de Paulo de que os coríntios aceitassem as mentiras condenatórias dos falsos apóstolos, aumenta sua preocupação de zelo para com eles.

O espinho na carne.

E, para que me não exaltasse demais pela excelência das revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás para me esbofetear, a fim de que eu não me exalte demais;
2 Coríntios 12:7

revelações. Seis revelações de Paulo estão registradas em Atos: 9.12; 16.9-10; 18.9; 22.17-18; 23.11; 27.23-24. Suas cartas falam das revelações que havia recebido (Gl 1.12; 2.2; Ef 3.3).

um espinho na carne, mensageiro de satanás. Foi enviado por Deus para mantê-lo humilde. Assim como Jó, Satanás era a causa imediata, mas Deus a causa final. O uso da palavra “mensageiro” (do grego angelos ou anjo) de Satanás sugere que o “espinho na carne” (literalmente: um perigo para a carne) era uma pessoa desconhecida, e não uma doença física.

Dos 175 usos da palavra grega angelos, no NT, a maioria se refere a anjos. Este anjo era de Satanás, um demônio que afligia Paulo. A melhor explicação para esse demônio era que ele estava habitando o líder da conspiração dos coríntios, o líder dos falsos apóstolos. Por intermédio deles estava destruindo a amada igreja de Paulo com uma dolorosa estaca.

Outro apoio a este ponto de vista vem do contexto dos capítulos 10 a 13, que trata dos adversários que se introduziram na igreja, colocando em cheque até a autoridade de Paulo como apóstolo (os falsos apóstolos).

O verbo traduzido por “esbofetear” sempre se refere a uma pessoa que é maltratada por outras (Mt 26.67; Mc 14.65; 1Co 4.11; 1 Pd 2.20).

Por fim, o VT descreve os inimigos pessoais de Israel como espinhos (Nm 33.55; Js 23.13; Jz 2.3; Ez 28.24).

a fim de que não me exalte. O ataque era doloroso, mas intencional. Deus estava permitindo que Satanás causasse esse grande problema na igreja com o objetivo de humilhar Paulo, o qual, por ter tido revelações, incluindo ter ido até o céu e voltado, poderia se ensoberbecer. O ataque do falso apóstolo à sua obra em Corinto era a estaca que estava perpassando a sua carne que, sem isso, tenderia ao orgulho.

Henrique R Sukerth

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Sobe.