O DIVÓRCIO NA LEI E NA GRAÇA
Mc. 10.2
E, aproximando-se dele os fariseus, perguntaram-lhe, tentando-o: É licito ao homem repudiar sua mulher?
Vs.3
Mas, ele respondendo, disse-lhes: Que vos mandou Moisés?
Vs.4
E eles disseram: Moisés permitiu escrever cartas de divórcio e repudiar.
Vs.5
E Jesus respondendo-lhes disse: Pela dureza do vosso coração vos deixou ele escrito esse mandamento.
Escrever cartas de divórcio e repudiar a mulher era um mandamento de Moisés e não de Deus; isto Jesus deixou claro aos fariseus.
Divórcio ou divorciar é o mesmo que se desfazer das amarras, é conceder liberdade, separar, libertar, soltar; é estes o significado de divórcio.
Os fariseus queriam uma tomada de posição por parte de Jesus sobre o divórcio, porque havia uma grande controvérsia a respeito do mesmo e o posterior casamento.
A controvérsia existente sobre o divórcio nos dias de Cristo tinha uma origem numa velha disputa conhecida como a disputa de Hillel-Shammai.
Hillel ensinava que um homem poderia se divorciar de sua esposa por qualquer motivo.
Shammai defendia a tese de que um homem só podia se divorciar de sua esposa por motivo de fornicação ou adultério.
Para o judeu o direito de se divorciar concedia também o direito de casar-se novamente e isto era aceito em todo o Israel sem questionamentos.
Os fariseus queriam uma tomada de posição por parte de Jesus, saber de que lado Jesus estava na controvérsia sobre o divórcio, se do lado Hillel ou do lado de Shammai.
Na realidade os fariseus não estavam interessados em saber sobre o direito de se casar novamente e sim de se divorciar. A questão nunca foi o casar-se novamente e sim o divorciar-se.
O costume que prevalecia na época era o divorciar-se e casarem-se quantas vezes se quisesse.
A intenção dos fariseus era tornar Jesus impopular com uma resposta que fosse radicalmente contra o divórcio e pudesse até, vir a ser morto por Herodes como o foi João Batista. (Mt.14.3,4).
Herodias era sobrinha, e também esposa de Filipe irmão de Herodes; Herodias se divorciou de Filipe só para relacionar-se publicamente com Herodes seu cunhado.
Jesus ao responder aos fariseus o fez com uma pergunta: Que vos mandou Moisés? Eles responderam: permitiu escrever cartas de divórcio.
Disse Jesus: pela dureza de vosso coração vos deixou este mandamento.
Conclusão: Jesus não mudou a prática judaica de que o direito de divorciar-se concedia o direito de casar-se novamente.
Sobre a questão do divórcio Jesus deixou tudo como dantes no quartel de Abrantes, ou seja, como Moisés determinou.
Dt.24.1
Quando um homem tomar uma mulher e se casar com ela, então será que, se não achar graça em seus olhos, por nela encontrar coisa indecente, far-lhe-á uma carta de repúdio, e lha dará na sua mão, e a despedirá da sua casa.
Vs.2
Se ela, pois, saindo da sua casa, for e se casar com outro homem,
Vs.3
E este também a desprezar, e lhe fizer carta de repúdio, e lha der na sua mão, e a despedir da sua casa, ou se este último homem, que a tomou para si por mulher, vier a morrer,
Vs.4
Então seu primeiro marido, que a despediu, não poderá tornar a tomá-la, para que seja sua mulher, depois que foi contaminada; pois é abominação perante o Senhor; assim não farás pecar a terra que o Senhor teu Deus te dá por herança.
Uma das razões para o divórcio era o homem encontrar na mulher “coisa indecente” ou algo de natureza vergonhosa que ele desconhecia e veio a descobrir.
Porém se a “coisa indecente” ou vergonhosa se referisse ao pecado moral à lei demandava pena de morte.
Se um homem depois de relações sexuais com sua esposa, difamando-a com palavras mentirosas, ou não, e ele a devolvesse aos pais da mesma e ficasse comprovado que a queixa do marido era infundada?
Ele era açoitado, pagava uma multa, e depois (Dt.22.13-19) e por nenhum razão poderia separar-se dela.
Porém se a denuncia fosse verdadeira (Dt.22.20,21) e,não podendo provar que casou-se virgem? Era apedrejada. (Anda bem que esta lei acabou; não é verdade?)
Devido à frouxidão moral do povo de Moisés (a mesma frouxidão moral do povo de Deus na atualidade) ele percebeu que se cumprisse tal lei ao pé da letra, as mulheres iam ser dizimadas entrariam em extinção rapidamente.
Daí Moisés modificou a lei porque tinha autoridade para isto e Cristo respeitou a decisão de Moisés.
O próprio Deus na Sua presciência já havia criado uma válvula de escape para tal situação (Nm.5.11-31) daí Moisés permitir que uma mulher se tornasse limpa fazendo um juramento solene quando acusada.
Em outros casos o marido despedia a mulher por conta própria e ela não era apedrejada, (Mt.1.19) porém nunca mais poderia reatar a união com ele se já tivesse pertencido a outro homem depois da separação.
Nos dias de Cristo a escola de Shammai defendia o divórcio só nos casos de crimes morais e de adultérios de ou fornicação com bases na lei.
A escola de Hillel entendia e defendia com base na lei que qualquer coisa que o marido não gostasse na mulher podia dar-lhe o divórcio.
Cristo concordou com a escola de Shammai e não disse que era proibido o casal que se separou casar-se novamente.
Porém em se casando no caso da separação por conta do adultério, quem casava coma repudiada cometia adultério. (Mt.5.31,32)
Está escrito que José (Mt.1.19) intentou deixar Maria secretamente para não infamá-la, para não expô-la à morte pública ou ao apedrejamento à vergonha que a lei requeria. - E hoje? O que se dizer?
Andarão dois juntos (Am.3.3) se não estiverem de acordo?
Jesus não mudou a prática judaica que o direito de divorciar-se concedia o direito de casar-se novamente.
Apenas fez um adendo: casar-se com mulher repudiada por conta de um adultério e que não foi apedrejada como exigia a lei era um relacionamento adultero o novo casamento que ela fez.
Será que Deus concorda que um casal que não anda de acordo, não se ama, só vivem a esbofetear-se e ofenderem-se deve viver o resto de suas vidas unidas na desgraça da desunião?
É mais nobre e justo viverem assim ou se divorciar? Incompatibilidade de gênio não é desculpa para divórcio.
Porque se há a tal “incompatibilidade” a mesma não veio à tona depois de casados e sim desde quando se conheceram; apenas o jogo de interesse (o sexo) adiou a manifestação da “incompatibilidade” por um tempo.
Com a mesmice de sempre na cama e fora dela, com a falta de respeito e falta de consideração mútua e a falta de amor de um dos cônjuges, só resta mesmo a tal da “Incompatibilidade de gênios”.
E se o bom senso, os filhos e uma tomada de posição com bases bíblicas não for encontrada a tempo? É melhor o divórcio do que o assassinado ou o suicido de alguém.
É evidente que todo divorcio ou separação conjugal tem um preço definido diante de Deus; e quem quiser pagar o preço que se divorcie se a relação de o custo/ benéfico for maior, ou melhor.
Andarão dois juntos (Am.3.3) se não estiverem de acordo?Claro que não!
Mc.10.9
Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem.
Quem instituiu o casamento foi Deus; mais não são todos os casais que Deus ajuntou.
Todo casamento ou homem e mulher que Deus os ajuntou no sagrado matrimônio só a morte que os separam.
Fora disto qualquer casamento ou relacionamento conjugal pode ir pelo ralo.
Qualquer dia escrevo a segunda parte deste assunto.
Guagnic