Efésios 3:1-13
3:1-7
Paulo destaca a sua posição como prisioneiro de Cristo (1). Note:
(1) Ele se considerou prisioneiro de Cristo. Ele entendeu muito bem que o sofrimento de prisão veio por causa do compromisso que ele assumiu com Deus (veja Atos 9:15-16; 21:10-14; 23:11)
(2) Ele se tornou prisioneiro por amor dos gentios. A prisão literal de Paulo teve como motivo a acusação falsa de que ele tivesse levado Trófimo, um efésio, ao templo (Atos 21:28-29). Mas, o maior laço de obrigação na vida de Paulo foi o seu próprio compromisso com Cristo, que incluia a sua missão de levar a palavra aos gentios. Nisso, ele se sentiu devedor, por ter recebido gratuitamente a própria salvação (veja Romanos 1:14-16).
Deus dispensou a graça, confiando em Paulo para levar a mensagem salvadora aos gentios (2).
Paulo compreendeu o mistério do evangelho porque Deus lhe deu discernimento dos fatos anteriormente ocultos dos homens (3-5).
Esta revelação não foi dada exclusivamente a Paulo. O Espírito a revelou aos apóstolos e profetas que, por sua vez, repassaram seu conhecimento aos outros (5-6).
**Obs.: Apóstolos e Profetas. O livro de Efésios esclarece o papel dos apóstolos e profetas no início da era cristã. Os apóstolos foram escolhidos por Cristo, receberam a palavra por meio do Espírito Santo e foram encarregados de levar o evangelho ao mundo. Os profetas foram pessoas que recebiam revelações da palavra pelo Espírito Santo, muitas vezes servindo para edificar irmãos em vários lugares. Eram cargos temporários mas essenciais nos primeiros anos da igreja quando ainda não tinham a palavra completa em forma escrita. Na carta aos efésios, Paulo fala dos apóstolos e profetas três vezes (e usa a palavra apóstolo mais uma vez na saudação - 1:1). Em 2:19-20, ele diz que a família de Deus é edificada sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo Jesus a pedra angular.
Em 3:5-6, ele diz que o mistério do evangelho foi revelado aos apóstolos e profetas para que os gentios pudessem participar da promessa em Jesus. Em 4:11-12, diz que Jesus concedeu apóstolos, profetas, evangelistas e pastores/mestres à igreja para sua edificação e aperfeiçoamento. Em todos estes casos, podemos ver os mesmos fatos básicos. Jesus passou a sua palavra aos apóstolos e profetas para dar a base necessária para a igreja. Sabemos que os apóstolos (testemunhas oculares de Jesus ressuscitado - Atos 1:22; 1 Coríntios 15:8 morreram há muito tempo e que o dom de profecia ia desaparecer quando a mensagem completa fosse revelada (1 Coríntios 13:8-13;
veja também Marcos 16:20; Hebreus 2:3-4). Mas ainda temos todo o benefício do trabalho deles, a palavra escrita para estabelecer a fé (João 20:30-31) e nos conduzira "à vida e à piedade" (2 Pedro 1:3). A revelação de Cristo "uma vez por todas foi entregue aos santos" (Judas 3). Ninguém hoje tem direito de revelar outra mensagem (Gálatas 1:8-9), nem de ultrapassar aquela já revelada no primeiro século (1 Coríntios 4:6; 2 João 9).
Paulo foi feito ministro conforme a graça concedida pelo poder de Deus (7).
**Obs.: Não há nada aqui de glória para Paulo! Ele se descreve como ministro (grego, diakonos - servo). Esta não é palavra de exaltação ou de autoridade, mas de serviço. Ele fala da graça concedida. Já disse que foi-lhe dado o privilégio de servir como prisioneiro. Em outras passagens, Paulo fala de graça concedida em termos de sacrifício, sofrimento e perseguições (veja 2 Coríntios 8:1-7; Filipenses 1:29). Ele participou abundantemente de tal graça!
3:8-13
Paulo se sentiu privilegiado por poder pregar o evangelho aos gentios (8-9).
**Obs.: As insondáveis riquezas de Cristo 8 . A palavra grega traduzida "insondáveis" aqui aparece apenas uma outra vez no Novo Testamento. Em Romanos 11:33, Paulo fala sobre os "insondáveis" juízos de Deus. Em Efésios, ele falou sobre "toda sorte de bênção espiritual" em Cristo (1:3) e a "suprema riqueza da sua graça" (2:7; 1:7). Comentou sobre "a riqueza da glória da sua herança nos santos" (1:18). Ainda falará sobre "o amor de Cristo, que excede todo entendimento" (3:19).
As riquezas de Cristo realmente ultrapassam a compreensão do homem. Paulo foi abençoado em poder falar dessas riquezas. Nós também!
A sabedoria de Deus se torna evidente pela igreja (10). Note:
(1) Quem conhece a sabedoria de Deus: principados e potestades (seres/autoridades espirituais).
(2) Como é conhecida esta sabedoria: por meio da igreja. Observando como Deus uniu velhos inimigos no mesmo corpo demonstra para todos a sua sabedoria (veja João 17:20-23).
(3) O que é conhecida: a sabedoria de Deus. A igreja do Senhor não mostra a sabedoria humana, e sim a divina.
De novo, Paulo afirma que tudo que Deus tem feito segue um plano eterno realizado em Jesus Cristo (11).
Em Cristo, temos ousadia para aproximar do Pai (12).
**Obs.: Acesso ao Pai. A palavra "acesso" aparece apenas três vezes no Novo Testamento, duas delas em Efésios (2:18 e 3:12) e a outra em Romanos 5:2. Em todos os casos, o acesso é por meio de Jesus Cristo. Ele é o único caminho que nos leva ao Pai e a sua graça.
Com esta confiança em Cristo, Paulo incentivou os efésios a não desistir (13). As tribulações dele poderiam ser motivo de desânimo e falta de coragem. Poderiam ser consumidos pela tristeza em ver o amado apóstolo sofrendo (veja Atos 20:36-38). Poderiam desmaiar com medo de tribulações iguais às dele (Hebreus 10:32-39). Tribulações, porém, não devem ser motivo para abandonar a fé. Ao contrário, devem fortalecer a nossa fé (Tiago 1:2-4).
http://www.estudosdabiblia.net/efesios2.htm#Ef%C3%A9sios%201