Judas Iscariotes não gostou do "salário" que recebeu por trabalhar com Jesus. Ele era um daqueles que pensava que "a piedade é fonte de lucro" (1 Timóteo 6.5). Ele queria enriquecer. Quando percebeu que não iria fazer fortuna como "tesoureiro do reino de Jesus" pediu demissão. Pelos três anos de serviço "inútil" de pregação do evangelho, ele exigiu uma "indenização" de trinta moedas de prata, o preço que se conseguia pela venda de um escravo.
Judas não passou nenhuma necessidade física enquanto foi enviado por Jesus para pregar o evangelho: todos os obreiros recebiam cama e comida nas cidades onde pregaram. Mas Judas certamente achava que era pouco. Ele provavelmente pretendia ganhar como um funcionário do alto escalão e não viver como um "bóia-fria". Não havia contentamento naquele coração.
O provérbio que vamos estudar ensina aquilo que Judas não quis aprender. Qualquer obreiro ou discípulo que não aprender esta lição, pode estar cometendo o mesmo erro de Judas: pode estar comprando sua própria sepultura (Mateus 27.3-10).
RECEBER O QUE MERECE E MERECER O QUE RECEBE
"Digno é o trabalhador do seu salário" (Lucas 10.7) é um dito de Jesus dirigido aos obreiros do evangelho. Os doze apóstolos foram encaminhados à missão em Israel com este ditado (Mateus 10.10)42. Os setenta receberam a mesma recomendação (Lucas 10.7). Paulo citou duas vezes este dito, uma vez fazendo referência à sua pessoa e aos obreiros em geral (1 Coríntios 9.14) e outra vez falando especificamente sobre os bispos da igreja (1 Timóteo 5.18)44.
O sentido deste provérbio é duplo
SEGURANÇA
Preocupe-se com a pregação e não com a provisão". Este é o sentido das instruções dadas por Jesus aos missionários (Mateus 10.9-11; Lucas 9.3-4) sobre o que não levar na viagem missionária (Marcos 6.8-10; Lucas 9.3-4). Não era necessário levar suprimentos ou dinheiro: Deus iria cuidar de tudo. Como? Eles deviam aceitar a hospitalidade e sustento temporário de uma família da comunidade visitada. Eles anunciavam a aproximação do reino de Deus e nesta qualidade deviam ser sustentados pela comunidade de ouvintes "porque digno é o trabalhador do seu salário" (Lucas 10.7). O obreiro precisa ter fé em Deus e confiança no valor de sua mensagem para deixar por conta de Deus e da importância da mensagem a garantia de sustento.
DESPRENDIMENTO
É importante notar que quando Jesus diz ao obreiro que ele vai ter o seu alimento, ele ordena ao mesmo tempo um comportamento desprendido. As recomendações para que não fiquem mudando de local de hospedagem (Mateus 10.11; Marcos 6.10; Lucas 9.4; 10;7e 8 visam proibir a busca de melhores acomodações e melhor comida. O obreiro deve ficar contente com o que recebe. Seu alvo é a pregação e não o conforto.
Estes textos tratam de obreiros itinerantes que viajavam desacompanhados de família, ou por serem solteiros ou por terem deixado a família em casa (Lucas 18.28). Viajar com esposa certa-mente traria maiores necessidades (1 Coríntios 9.5). Mas em todos estes casos, o princípio permanece de que o obreiro não trabalha visando ficar rico, mas servir a Deus. O contentamento mencionado por Paulo (1 Timóteo 6.6-10) deve ser a característica do obreiro em relação ao sustento material. O desejo de ter mais é perigoso e fonte de grandes problemas. O necessário já basta.
HONRA
Digno é o trabalhador do seu alimento" (Mateus 10.10) fala também que este sustento é algo honrado. No mundo moderno, o sustento obtido no trabalho de evangelização ou de edificação espiritual não é, normalmente, considerado como algo digno. Jesus, porém, afirma que não há nenhuma vergonha em ser sustentado para pregar o evangelho. De fato, é uma honra. Paulo citou este provérbio de Jesus como Escritura quando falava sobre os dobrados honorários (ou honra) que deviam ser dados aos presbíteros que trabalham arduamente (1 Timóteo 5.17-18). Seu sustento é uma forma de prestar-lhes honra, reconhecendo o valor da obra que fazem.
DE GRAÇA RECEBESTES, DE GRAÇA DAI"
O evangelho e a graça divina nunca se vendem (Mateus 10;8 Apesar do evangelho ser a coisa mais valiosa do mundo e de haver manda-mento bíblico para o sustento de obreiros, não se trata de vender o evangelho. A pregação deve ser feita com ou sem recursos (Filipenses 4.10-13). Mas, sem dúvida, o sustento do obreiro auxilia a obra e agrada a Deus (Filipenses 4.14-19).
APLICAÇÃO
provérbio de Jesus, "Digno é o trabalhador do seu salário
Um apelo à fé. Pregar o evangelho é o trabalho mais importante do mundo. A igreja tem o privilégio de mostrar sua fé no valor do evangelho sustentando financeiramente aqueles que ela mesma reconhece como vocacionados por Deus para realizar esta tarefa. O obreiro também deve mostrar sua fé, confiando que Deus vai assegurar-lhe o necessário, de um modo ou de outro, para que ele continue a pregar a Palavra de Deus.
retirado e editado por adailton
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