Eliseu subiu para uma cidade chamada Betel e quando ele ia pelo caminho uns meninos saíram da cidade e começaram a zombar do profeta. Eliseu era careca e, pelo jeito, não gostava muito disso não e os garotos começaram a gritar: “Sobe, calvo; sobe, calvo!” (2 Reis 2:23). Eliseu se virou para eles e os amaldiçoou em nome do Senhor, então duas ursas sairam do bosque e despedaçaram quarenta e dois daqueles garotos. Eliseu continuou seu caminho e não entrou em Betel, foi para o Monte Carmelo e depois para Samaria. A história é só esta.
Parece desproporcional o castigo para a ofensa, não é? Parece que Eliseu perdeu a cabeça atoa, atoa e acabou sendo responsável pela morte horrível de um monte de garotos. É, parece mais não é.
Precisamos ver o contexto para entender o texto. Pouco antes desse episódio Elias tinha sido arrebatado aos céus num redemoinho, na presença de Eliseu. Elias escolheu Eliseu como seu sucessor e Eliseu tinha uma posição social de relevância no meio das tribos de Israel, porque naquela época Deus só falava ao povo através de Seu profeta, não era como hoje, na era da graça, onde Deus fala com todos os Seus servos, no coração, na Bíblia, por profecia, através de fatos e acontecimentos, ou através dos estudos e pesquisas bíblicas.
No tempo em que viveu Eliseu, Deus instituia um profeta sobre Israel e tratava direta e unicamente com ele. Eliseu era a voz da autoridade de Deus sobre a face da terra e sua autoridade ainda estava, vamos dizer, em “estágio probatório”. Ninguém tinha certeza (ainda) que Eliseu era de fato um profeta e o sucessor de Elias, além disso, Elias tinha sido um grande profeta que teve o privilégio de não conhecer a morte física, já que foi arrebatado.
A autoridade de Eliseu foi arranhada com a zombaria dos meninos que tinha uma questão espiritual implícita. Os garotos gritaram para o calvo subir, era uma referência ao arrebatamento de Elias. Em outras palavras, eles diziam que se Eliseu fosse mesmo profeta do Senhor, que fosse arrebatado como Elias. A questão da careca era de menor importância, contudo, nenhuma autoridade meramente humana se deixa achincalhar diante do povo, porque isso depõe contra o princípio da hierarquia e do respeito devido a toda autoridade.
Toda autoridade é por Deus instituída, é o que está escrito: “Todos devem sujeitar-se às autoridades governamentais, pois não há autoridade que não venha de Deus; as autoridades que existem foram por ele estabelecidas.” (Romanos 13:1). Naquele momento duas coisas estavam em questão, o insulto espiritual ao homem de Deus e a autoridade profética de Eliseu colocada em check diante de todo o povo. Eliseu estava sendo ridicularizado no meio da rua e o povo todo ouviu aquela zombaria. Se ele não tomasse uma atitude, perderia a autoridade sobre os filhos de Israel.
Não era apenas uma vingancinha de Eliseu, era uma demonstração de autoridade. Havia uma razão subjetiva na maldição lançada por ele.
E hoje? Ainda existe este tipo de autoridade que pode fulminar os “zombeteiros”? Sim, Deus é o mesmo ontem, hoje e eternamente, o que é raro de se ver hoje em dia, são profetas com tamanha unção. Tem muita gente boa que pensa que tem autoridade divina, mas não quer pagar o preço. O tamanho da unção de um servo de Deus, é proporcional ao preço que ele tem de pagar e nada tem haver com Jesus isso, não se trata de salvação, trata-se de poder, de ministério, de dom espiritual, nesse ponto é cada um por si, cada um que busque os melhores dons Não é fácil ser um ungido do Senhor, é preciso se deixar moldar pelo Espírito Santo, é preciso deixar de lado muitos penduricalhos de caráter e renunciar a outras tantas coisas.
Quem não estiver disposto a renunciar a si mesmo, não está pronto a ter um ministério abençoado, mas a autoridade de servo de Deus continua inabalável até os dias de hoje. Jesus contou, certa vez, que muitos queriam segui-lo, mas queriam primeiro fazer alguma coisa, tipo se despedir da família, ou enterrar seu pai e Jesus fechou questão dizendo: "Ninguém que põe a mão no arado e olha para trás é apto para o Reino de Deus". (Lucas 9:62).
Tem lugar para todo mundo no Reino de Deus, a salvação é para todos os que crerem, mas quando se trata de deixar de ser soldado para ser capitão, quando se trata de sair do banco e passar a gerar vida, aí a coisa muda de figura. A responsabilidade de quem recebe um dom, ou um ministério é tremenda, porque você passa a ser instrumento de Deus na vida de outras pessoas e a consagração é diretamente proporcional à unção. Quem se consagra mais, tem mais unção e mais poder.