silas gomes de souza . . .MEMBRO ESPECIAL
RELIGIAO : cristianismo Mensagens : 1606 nascido em : 21/07/1958 inscrito em : 22/11/2012 Idade : 65 Localização : SÃO PAULO - CAPITAL
| Assunto: ANCHIETA - Suas Obras No Brasil Qui 10 Abr 2014, 19:53 | |
| A OBRA DOS JESUÍTAS NO BRASIL No Brasil um dos principais lideres da chamada santa inquisição, o Jesuíta Padre José de Anchieta, atuou fortemente nas obras mencionadas a seguir: Em seu arquivo de documentos micro filmados, a Dra. Anita Novinsk registra o horror da inquisição no Brasil, relacionando torturas com o castigo da corda, onde o interrogado era jogado de grande altura e detido bruscamente a centímetros do chão, tendo, assim, a espinha e articulações quebrados. Apresentado aos juízes ordinários da Inquisição, o interrogado já sabia qual o seu destino: teria seus bens confiscados seria torturado e, caso não denunciasse os parentes poderia ser queimado vivo. A Dra. Anita se interessou pela Inquisição e pelos cristãos-novos brasileiros estimulada por dois professores da USP: João Cruz Costa e Lourival Gomes Machado, os quais insistiram em que, enquanto não se conhecer a história daqueles cristãos-novos e da Inquisição, ninguém poderá escrever corretamente a história do Brasil. Pecará por omissão, engano ou falta de conhecimento. E, segundo ela, esse estudo, em caráter universal, adquiriu enorme atualidade. Há vinte anos, a historiadora Anita Novinsk se dedica ao estudo de uma das instituições mais macabras da história da humanidade: a Santa Inquisição, Titulada em filosofia e doutorado em história pela USP, ela vem recolhendo em seu arquivo particular milhares de documentos fotocopiados e autenticados pelas autoridades responsáveis pelo tombamento do arquivo português, isso depois que -- a exemplo da Espanha – Portugal permitiu acesso aos documentos lavrados pelos tribunais inquisitoriais do Santo Oficio. Nestes papéis, uma revelação estarrecedora: ao contrario do que se imagina o Brasil, bem como as demais colônias de Portugal e Espanha, também foi alvo da insânia Inquisitorial e cerca de 500 brasileiros foram enviados a Lisboa para respondes a processos por heresias. Grande parte deles foram supliciados e mortos após terem seus bens confiscados. Flávio Mendes de Carvalho, que foi aluno da Dra. Anita Novinsk, num trabalho para tese de mestrado, efetuou uma análise sobre o confisco de bens dos brasileiros e cristãos-novos no Brasil, apenas os referentes à primeira metade do século 18, cujos resultados espantam e configura, de modo eloqüente, o alvo principal da Inquisição: o de arrecadar dinheiro.Flávio começa por diferenciar as categorias dos hereges, segundo suas posses, como assinalavam os inquisidores. Para o Santo Ofício, eram considerados multimilionários os brasileiros ou moradores no Brasil que possuíssem bens – terras, casas, lavouras, criação etc. – no valor de 200 quilos de ouro. Milionários eram os que chegavam aos 100 quilos de ouro e classe média até 50 quilos. Tendo essa referencia como base, Flávio converteu o valor do ouro aos preços atuais e conseguiu um resultado incrível. Só de processos de seqüestros de bens de 133 brasileiros, a Inquisição arrecadou cinco toneladas de ouro, que aos preços de hoje correspondem a 61 milhões de dólares.A média foi de 38,66 quilos de cada um dos 133 condenados ou 473 mil dólares por cabeça. Cerca de 78% dos seqüestros foram pilhados da classe média -- mais da metade de cariocas – 66,5% do total da pilhagem provinham da agricultura e dos engenhos de açúcar. De São Paulo eram os mais pobres, na época. O mais espantoso de tudo quando Flávio calculou está nisto: calculando juros de 6% ao ano, sobre os seqüestros e confiscos que deveriam reverter aos descendentes dos condenados, ao longo destes três séculos, o tesouro português e do Vaticano deveriam desembolsar aqueles 61 milhões de dólares com juros progressivos, de quatro milhões de vezes aquela quantia. Que seria algumas vezes maior do que a dívida brasileira em 1987.E há casos extravagantes, levantados por Flávio, como a imensidão de terras hoje ocupadas pelo bairro carioca de Jacarepaguá, tomada de um condenado pelos religiosos da Inquisição e nunca mais devolvida. - De norte a Sul ocorreram perseguições e leis racistas foram aplicadas severamente, como o uso de distintivos para distinguir judeus de cristãos, determinado pelo IV Concilio de Latrão, antecipando em séculos a iniciativa nazista de discriminação racial ostensiva. Para situar melhor a questão, a Dra. Anita lembra que, em 1580 o Brasil erra grande produtor de açúcar e, portanto, já tinha seus primeiros milionários e ricos. Nesse mesmo ano, o bispo da Bahia já tinha poderes para relacionar e enviar a Lisboa os suspeitos de heresias. Em 1591, o arquiduque da Áustria e o governador e inquisidor em Portugal, diante do vulto das suspeitas e da relação dos novos ricos cujas propriedades despertaram a cobiça da coroa; nomeou Heitor Furtado de Mendonça para vir ao Brasil, depois de visitar São Tomé e Cabo Verde, para inquirir e iniciar os primeiros processos. “Em nove livros – segundo a historiadora – ele – registrou centenas de confissões e denúncias, produto dos trinta dias de graças” que concedeu em Salvador, BA, à população para que surgissem confissões, voluntárias, Ed. heresias morais e crimes de religião. Por aqueles livros ficou-se sabendo que o simples fato de haver brasileiros que não comiam carne de porco ou que colocavam roupa limpa nas camas e mesas nas sextas-feiras, à noite, ou guardassem os sábados, era suficiente para alicerçar uma denúncia, tida como bem documentada. As famílias baianas Antunes, Leão, Lopes Ulhoa e Nunes, entre outras, foram implicadas nesses crimes por causa dessas denúncias. - Dos 500 suspeitos e condenados levados do Brasil, praticamente todos eram brasileiros de nascimento, alguns com antepassados que chegaram logo após a descoberta. Pertencia a todas as camadas sociais e não foram poupados nem governadores como Miguel Teles da Costa ou padres, como Manoel Lopes de Carvalho, entre muitos outros religiosos. O mais célebre deles, o Padre Vieira, foi estigmatizado como herege. Exemplo de coragem, por sinal, foi dado pelo padre Manoel Lopes de Carvalho, baiano, queimado na fogueira em 1726, aos 25 anos de idade e considerado o Giordano Bruno brasileiro. Depois de anos preso e depois de passar pelos diversos graus de torturas, diante dos juízes para receber a condenação de remissão de fé pela queima na fogueira, ditou ao escrivão as ultimas palavras a que tinha direito: “Quando aqui entrei, tinha dúvidas; hoje, tenho certezas”, referindo-se à participação do clero (ao qual pertencia) nos crimes da Inquisição. - Outra prova entre muitas: na lista de condenados pela Inquisição, o nome de Manoel dos Passos, brasileiro oriundo do Rio de Janeiro, ano 1713. Outros 500 brasileiros engrossam as fileiras de vítimas do Santo Ofício.(Texto transcrito parcial; Revista MANCHETE, 07/03/1987). | |
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